“Queremos saudar a todos, desejando paz e bem,
Louvando Nosso Senhor, pra sempre, sem fim. Amém.”
A fé cristã tem uma dimensão pessoal e uma dimensão social. Devemos fazer tudo que pudermos para
viver como Jesus viveu e para organizar nossa sociedade segundo a justiça do Reino de Deus: garantia dos
direitos dos pobres e oprimidos. Para isso, é necessária a conversão dos corações e a transformação das
estruturas da sociedade.
“Devemos fazer o bem e abominar o mal,
pois a nossa conversão tem dimensão social,
somos filhos de um Pai só e devemos fazer melhor esse mundo desigual.”
Com o desejo de despertar e articular os cristãos para a construção de uma sociedade mais justa e
fraterna, a Igreja realiza, desde 1991, uma iniciativa chamada Semana Social Brasileira. O objetivo da 5ª
Semana, que vai acontecer em 2013, é discutir e fortalecer o processo de democratização do Estado. Quer ser
uma oportunidade para compreender o Estado que temos, apresentar o Estado que queremos e identificar e
criar os meios de democratização do Estado brasileiro.
É tema da 5ª Semana Social Brasileira: “Estado para que e para quem?
Embora se fale de uma Semana, na prática é um evento de pelos menos dois anos: envolve reuniões
para estudo, discussão nas comunidades e grupos de bases, organismos, sindicatos, associações, paróquias...
enfim, todas as pessoas e forças sociais comprometidas com a transformação da sociedade.
Esta Cartilha foi elaborada por uma comissão de animadores da ação social em nossa diocese com a
colaboração de diversos artistas populares de nossos municípios. Que ela seja um instrumento para nos
ajudar a participar desta reflexão sobre a nossa realidade e nos motive a participar com esperança e renovado
esforço da discussão e das iniciativas em favor de um Estado democrático, que garanta as condições de vida
digna para todos.
“Através das reflexões
Nós vamos esperar
A participação das pessoas
Para este quadro mudar
E do Estado que teremos
Você possa se orgulhar
Esperamos em 2013
Que a partir da discussão
Nasça o Estado que queremos
Com cidadania e participação
O trabalho em nossos grupos
Não será esforço em vão”
No dia 15 de novembro, em Pesqueira, vamos nos encontrar para compartilhar os nossos sonhos e
conclusões.
Com alegre expectativa
Dom José Ferreira Salles, CSsR
Bispo de Pesqueira2º ENCONTRO
O Estado que temos
Pra entender um pouco a situação do Estado brasileiro, a gente precisa recordar o começo da
história... Ele “veio de caravela”, ou seja, os colonizadores europeus trouxeram seus modos de vida, modos
de ver o mundo, leis, culturas e impuseram sobre as sociedades que já estavam aqui, no território que hoje
chamamos Brasil. Esse processo de ocupação do território foi feito de maneira violenta, com extermínio dos
indígenas, escravidão dos negros. Basta ver que hoje os mais pobres do Brasil são os negros e indígenas e que
o tamanho do racismo ainda é grande na sociedade para perceber que somos herdeiros desta história e que a
ferida ainda não foi curada.
- Que sinais dessa herança histórica ainda existem e precisam mudar com mais urgência?
O objetivo da colonização era riquezas e poder militar. Os Estados europeus disputavam o “novo
mundo” por causa disso. É importante lembrar que cada fase do Estado brasileiro atende a interesses
econômicos de uma determinada época. Num momento são os ruralistas, em outro momento são os
industriais, em outro momento os donos de bancos, ou então, uma combinação de tudo isto.
Portanto, o Estado pode mudar e se transformar a partir das pressões que sofre, seja por meio dos
interesses de quem está por cima, seja por meio de manifestações, greves e lutas populares.
- Como exigir que os direitos básicos da população sejam garantidos pelo Estado?
Por causa de uma dívida pública, os banqueiros levaram 700 bilhões
Enquanto que o bolsa-família não custou 18 bilhões.
Alguém precisa falar, o povo se organizar pra quebrar esses grilhões!
Mas, meu sinhô, isso não é tudo: tem mais coisa pra pensar:
As obras pra copa do mundo, quem é mesmo que vai pagar?
- As obras para a Copa e tantas outras são financiadas por meio dos impostos e dos bancos públicos que
administram estes recursos. E o povo e a natureza ficam com a conta e com os impactos negativos. Mas o
Estado e o mercado espalham a ideia de que tudo isto é bom para o povo.
- Será que a maior parte destes investimentos fica de fato com o povo? Será que a riqueza gerada será
distribuída?
“O salário dos trabalhadores que ceifaram vossos campos, que vós deixastes de pagar, está gritando, e o
clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo poderoso” (Tg 5,4)
Fonte: http://comunicatudo.blogspot.com.br/2011/10/copa-do-mundo-2014-soy-contra.html, acesso em 31/ago/20123º ENCONTRO
Pernambuco que temos
Os versos de Heloisa nos ajudam a mergulhar um pouco na realidade do Estado de Pernambuco:
É terra de gente boa que trabalha pra danar
De uma imaginação que voa pra criar e recriar
Tem muita canção que ecoa exaltando esse lugar,
e esse é o Pernambuco que temos
E hoje vamos mostrar.
Tem uma cultura tão rica que é referência mundial.
Diga agora e sem demora: onde fica esse lugar.
É Pernambuco Imortal, Imortal
Vou dizer o que tem aqui falando da sua riqueza
Na cultura popular.
Tem até uma Veneza que a velha mãe natureza
se encarregou de lhe dá
O Movimento Armorial criado por Suassuna
Guarda na sua memória os marcos dessa cultura
A arte e o artesanato, tudo muito preservado
Para as gerações futuras.
Em Pesqueira, se viu muitas lutas e não poderia deixa de lembrar
Dos Xukurus do Órorubá que suas terras conseguirão conquistar
Lá também tem o Cruzeiro e o castelo pra visitar
Por falar em Movimento me lembrei de outro cabra.
Chico Sciece do Recife juntou Rock com Embolada
E criou o Mangue Bit pra animar nossa moçada
O mangue que ele cantava era um mangue diferente
Falava sobre o sistema que exclui aquela gente
Que vive dentro da lama feito bicho renitente
O povo desse lugar tem muita imaginação
Lhe digo agora também que aqui surgiu o Baião
Um ritmo inventado pelo mestre Gonzagão
A vida do sertanejo ele soube bem cantar
As alegrias e tristezas dessa terra sem iguá
Castigada pela seca que faz seu povo emigrar
Mas hoje aqui temos parceiros pra esse cenário mudar
Com programas pioneiros prum novo jeito mostrar
Que viver no semiárido é possível e é viável,
Utilizando os recursos de maneira sustentável
E tratando o meio ambiente de forma responsável
Tem o rio São Francisco com suas águas cristalinas
Feito oásis no deserto vai banhando essa menina
Que sofre por seu amor, pois o rio os separou
Juazeiro e PetrolinaEm Nova Jerusalém um espetáculo encanta
Tem um teatro ao ar livre tão grande que até espanta
É lá que a Paixão de Cristo uma multidão emociona
Do simples ao erudito aqui não se tem besteira
Lembro também Paulo Freire, Educador de primeira
E o imortal recifense Poeta Manoel Bandeira
Mas depois de tudo isso, ainda tem coisa a mudar.
Sonhamos ver nossa Pátria humanizada
Com políticos gentis e desvelados,
Os direitos humanos preservados,
E a Justiça sem nódoa e respeitada.
A família em Deus sintonizada,
O alinho marcando o proceder,
Em tapetes de sonho adormecer
E com gorjeios suaves despertar
É assim o Pernambuco e sempre será pra todos: imortal esse lugar
Mas, para que tanto progresso, se dele não vamos usufruir.
Se não cuidarmos da terra, deixaremos de existir
E nada que produzirmos poderemos consumir
Nosso planeta agoniza soltando um grande gemido.
Pois é preciso que o povo, esteja muito mais unido.
Lutando pela melhora deste estado tão bonito
Pernambuco requer novas atitudes para haver transformação.
Sem limitar as questões técnicas, mas os problemas da nação.
Tal como o da Ecologia, que é vida e humanização
Um novo modelo de humanidade, nos pede uma mudança urgente.
Sem exclusão social, que nos trate como gente.
Tratando-nos como ser humano e não como delinquentes.
É preciso ações de cidadania, superando a sociedade do ter,
Formando um mundo justo, que todos possam viver.
Com dignidade e direitos, com ética e com dever.
É preciso incluir a questão ambiental em todos os níveis da educação.
Tendo como princípio a sustentabilidade, a ética do cuidado e a precaução.
Buscando a cada dia, acabar a devastação.
- Pernambuco é um Estado reconhecido por sua rica geografia e por sua bela cultura. Que políticas públicas em
favor da população deveriam torná-lo referência para o restante do país?
“Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; a ela não igualei
nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e diante dela, a prata
será como a lama.” (Sb 7,8-9)
4º ENCONTROO Estado que queremos
Vou expressar confiante com amor e atenção;
E transmitir nesse instante esta simples inspiração.
Um pouco desse sonho, de um Pernambuco em ação.
Conhecer nossos direitos é dever do cidadão:
Sem distinção de pessoas, rege a Constituição
Cidadania e democracia, direito à participação.
A saúde é direito assistido a nação:
É dever do Estado se enquadrar na união.
E o SUS dar cobertura à toda população.
Com direito à Educação, à Cultura e ao lazer.
Moradia para todos, para toda família viver.
Para falar da juventude, é prioridade importante.
É grande o desafio e preocupação constante:
Como integrar os seus valores nesta meta includente.
A juventude é presença. O futuro é agora.
Seja no campo ou na cidade não pode ficar de fora
No País é a maioria inserida na história.
Lugar de vida pra todos, na velhice e na adolescência
Pernambuco de paz e emprego, sem medo e sem violência
Nossa luta e nossa prece, pedindo coragem e clemência.
A luz da fé nos inspira espiritualidade e ação:
A mística se concretiza na Partilha e Missão
Como profeta dos tempos, Dom Helder Câmara,
voz pela libertação.
Mas enfim, que Estado queremos? Um estado para quem?
Um Estado verdadeiramente democrático, onde as decisões sejam tomadas por toda a sociedade através de
assembleias populares, plebiscitos, consultas, referendos, como a expressão da vontade coletiva, embasada
na solidariedade dos inúmeros movimentos sociais em busca da liberdade, da igualdade e da justiça social. Um
Estado transparente submetido ao controle de toda sociedade.
- Que sinais de democracia se destacam no Estado Brasileiro? O que ainda falta para uma democracia autêntica?
“Vós sabeis que os chefes das nações as
oprimem e os grandes as tiranizam. Mas
entre vós não deve ser assim: quem
quiser ser grande, seja vosso servo; e
quem quiser ser o primeiro, seja o
escravo de todos” (Mc 10, 42-43).5º ENCONTRO
Vivenciando a preparação para a 5ª Semana Social
Brasileira, queremos participar da construção de uma
proposta de projeto popular para o Brasil, baseado
nas decisões das Assembleias Populares dos
diferentes movimentos sociais e dos cantos mais
longínquos do Brasil. É preciso valorizar o papel
civilizatório dos movimentos sociais! “Coragem, levanta-te, Jesus te
chama!”(Mc 10,49)
Agradecimentos:
Grupo de Aboiadores de Sertânia,
Repentistas de Arcoverde,
Heloísa – Cáritas Diocesana
Nadja e Rosilda – Jataúba
Dalmo – Pastoral da Criança
Comunidade Christos,
CEBs
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